A prisão dos dois criminosos, na quinta-feira (4), após caçada que envolveu cerca de 500 profissionais das forças de segurança e mais de R$ 6 milhões gastos, não encerra o caso. O inquérito policial da PF, no Rio Grande do Norte, busca identificar os integrantes da "rede de apoio", que enviou dinheiro, forneceu armas, os veículos, o barco, as roupas, os esconderijos e meios de comunicação usados.
Contas usadas para enviar dinheiro usado na fuga, os três carros usados pelos criminosos no Pará, os outros dois apreendidos no Ceará, os chips de telefone celular encontrados com eles e identificados - pelo menos três estavam sendo monitorados -, as pessoas que foram acionadas, as que foram presas, são alvos da PF, nessa nova etapa das apurações
O diretor-geral da PF, delegado Andrei Passos Rodrigues, afirmou que mais de 30 pessoas foram ouvidas, quebras de sigilo estão sob análise, além dos dados de perícias.
"Prendemos oito pessoas, mais os fugitivos e as outras quatro pessoas (que estavam na escolta), ouvimos mais de 30 pessoas, fizemos mais de 20 perícias", explicou diretor-geral da PF, em entrevista ao SBT News.
Rede de apoio
Investigadores identificaram elos com o Comando Vermelho, facção do Rio de Janeiro. Os dois fugitivos de Mossoró são condenados a penas de até 81 anos de prisão, por crimes de homicídio, roubo, tráfico entre outros. São membros do CV do Acre e atuavam na fronteira do Brasil com a Bolívia.
Foto: Secretaria Nacional de Políticas Penais/Divulgação
Após a fuga, no dia 14 de fevereiro, os dois passaram a contar com o apoio de lideranças do CV. Além do envolvimento direto de membros da facção no Rio, a inteligência da PF identificou que uma célula, no Ceará, foi montada para operacionalizar a retirada dos fugitivos do Rio Grande do Norte.
Tatu e Martelo - como são conhecidos no crime - foram transferidos para Mossoró em janeiro. O sistema federal têm seis presídios: Brasília (DF), Catanduvas (PR), Porto Velho (RO) e Campo Grande (MS). Sem superlotação - como nos presídios estaduais -, eles são destinados ao isolamento de líderes de facções, milícias e criminosos violentos. Inaugurados a partir de 2006, foi a primeira fuga registrada.
A PF identificou, entre outras coisas, que o dinheiro usado para pagar o dono de um sítio em Baraúna (RN), onde eles se esconderam nas primeiras semanas, tem elo com o CV. Rastreamento prévio mostrou que o valor teria partido de uma conta de pessoa de comunidade do Rio.
Fuga e prisão
A caçada de 50 dias aos criminosos terminou às 13h30 de quinta-feira (4). Os dois foram encurralados em uma ponte na BR-222, em Marabá (PA), rumo à fronteira para deixar o Brasil.
Rogério dirigia um veículo Jeep e foi interceptado sobre a ponte, com ele foi apreendido um fuzil e munição. Deibson dirigia um Classic e foi preso na entrada da passagem sobre o Rio Tocantins.
No carro em que Tatu estava, a PF com ajuda de um cão farejador da Guarda Municipal de Marabá (PA), foi localizado um segundo fuzil, neste sábado (6).
Um terceiro carro, um Polo, era conduzido por outros criminosos. Quatro pessoas foram presas com os dois fugitivos: Eliezer Bruno Pacheco dos Santos, Italo Santos Sena, Juarez Pereira Feitoza e Jefferson Augusto Magno Favacho.
O “comboio do crime” - como chamou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ao anunciar a prisão - interceptado em Marabá também deve dar novas provas aos investigadores.
A PF identificou que os veículos não tinham registro de furto ou roubo e estavam em nome de pessoas, sem antecedentes criminais.
Novas operações de busca e apreensões e prisões de novos suspeitos devem ser deflagradas nas próximas semana, parte dessas investigações sobre o financiamento da fuga.
Fonte: SBT News