Para o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (União Brasil), decretar o fim da emergência sanitária da Covid-19 neste momento é uma "loteria", especialmente com relação ao possível surgimento de novas cepas da doença.
"Não sabemos o que pode acontecer. O que pode furar esse esquema, ter de voltar atrás, é uma nova variante. É uma loteria. Pode estar acontecendo de surgir uma nova cepa nesse segundo em São Paulo, pode ser no Vietnã, na África. Por isso que a OMS [Organização Mundial da Saúde] ainda não decretou o fim da pandemia", afirma ele, que ocupou a pasta durante 16 meses no início do governo de Jair Bolsonaro (PL), até romper com o presidente.
No último domingo (17), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou, em cadeia nacional de rádio e TV, o fim da emergência sanitária, citando a alta cobertura vacinal, queda nos números de casos, internações e mortes, e medidas tomadas pelo governo federal contra a pandemia.
Segundo Mandetta, o fundamental, mesmo neste cenário, é manter alta a vigilância sobre novas variantes do vírus, bem como o controle sobre fronteiras. "Depende muito do que ele [Queiroga] entende como fim da pandemia. Tem uma parte que se chama vigilância, que significa coletar material e verificar se tem cepa nova", diz o ex-ministro, que é pré-candidato ao Senado por Mato Grosso do Sul.
Para ele, o fato de a cobertura vacinal ser alta não justifica que medidas de prevenção sejam deixadas em segundo plano.
"O SUS é muito bom de vacina, a gente passou de 80% de duas doses. Agora, a vigilância, que é saber quem está no país, se está entrando com febre, isso tem de continuar fazendo. Você não pode relaxar", disse.
Ele afirma, no entanto, que tem dificuldade em confiar que o atual governo fará este trabalho de controle e acompanhamento sobre novas variantes. "Acho as medidas sanitárias deste governo sempre confusas, fracas. Espero que tenham juízo desta vez, porque até agora não tiveram muito".
Fonte: Folhapress/Fábio Zanini