Especialistas em segurança avaliam que a política de privacidade do FaceApp é extremamente vaga, não fornecendo informações de como realmente os dados do usuário são utilizados pela companhia. Nas palavras do comentarista de tecnologia Stilgherrian ao veículo ABC News, "Esta é uma política de privacidade padronizada, que efetivamente oferece a você nenhuma proteção".
No primeiro tópico do texto, "Informações que coletamos", a companhia afirma que usa ferramentas de análise de terceiros para medir o tráfego e as tendências de uso, e que essas ferramentas coletam informações como "páginas da web visitadas, extensões e outras informações que nos auxiliam na melhoria do serviço". Ao inserir este último trecho, o aplicativo admite que pode coletar qualquer tipo de informação que ele próprio julgar conveniente, sem especificar quais dados ou de que forma serão trabalhados.
Já no terceiro item, "Compartilhamento de Suas Informações", o FaceApp abre o parágrafo afirmando: "nós não iremos alugar ou vender suas informações para terceiros fora do FaceApp (ou do grupo de empresas das quais a FaceApp faz parte)". Porém, apenas algumas linhas depois, a plataforma explicitamente diz que compartilha algumas informações com parceiros de publicidade de terceiros, com o objetivo de fornecer anúncios segmentados.
O aplicativo ainda se resguarda o direito de contornar leis de proteção de dados de determinadas regiões. Ele faz isso transferindo dados dos usuários para servidores em países onde tais legislações não existem, conforme descrito no tópico 4, "Como armazenamos suas informações".
"FaceApp, suas Afiliadas ou Provedores de Serviços podem transferir informações que coletamos sobre você, incluindo informações pessoais, além das fronteiras do seu país ou jurisdição para outros países ou jurisdições ao redor do mundo. Se você estiver na União Europeia ou em outras regiões com leis que regem a coleta e uso de dados que possam diferir da legislação dos EUA, por favor note que podemos transferir informações, incluindo informações pessoais, para um país e jurisdição que não tenha a mesma proteção de dados."
Os termos de uso do FaceApp podem ser igualmente problemáticos. Em um dos tópicos, "Conteúdo do Usuário", o documento determina:
"Você concede ao FaceApp uma licença perpétua, irrevogável, não exclusiva, isenta de royalties, global, totalmente paga, sublicenciável e transferível para usar, reproduzir, modificar, adaptar, publicar, traduzir, criar trabalhos derivados, distribuir, executar publicamente e exibir seu Conteúdo de Usuário e qualquer nome, nome de usuário ou imagem fornecidos em conexão com o seu Conteúdo de Usuário em todos os formatos e canais de mídia atualmente conhecidos ou desenvolvidos posteriormente, sem qualquer compensação para você."
No trecho supracitado, a companhia indica que poderá fazer o que quiser com as fotos enviadas para o app, e essa ação é irrevogável. Uma vez que os termos de uso forem aceitos por alguém, essa pessoa não terá mais direito de voltar atrás e suspender o direito do aplicativo de usar suas imagens.
Um pouco mais adiante, o texto afirma que aceitar os termos implica em dar consentimento para que o FaceApp use o conteúdo de usuário independentemente de esse conteúdo incluir nome, semelhança, voz ou personalidade de um indivíduo em nível suficiente a indicar sua identidade. Assim, seu rosto — seja ele envelhecido ou não — pode acabar em um outdoor em um país remoto sem que você possa reclamar.