O Ministério da Saúde mudou ontem sua previsão para o início da vacinação contra a covid-19 e agora prevê começar a campanha de imunização no fim de fevereiro. Segundo a pasta, as primeiras 8,5 milhões de doses da empresa americana Pfizer, de uma compra de 70 milhões, devem chegar ao País no primeiro semestre. Com o primeiro lote, será possível vacinar pouco mais de 4 milhões de pessoas. A farmacêutica americana disse que a empresa pedirá uso emergencial do produto na Anvisa.
A nova data veio após a apresentação de um esboço de plano nacional de imunização, divulgado na última semana, que previa o começo da vacinação em março. Idosos com 75 anos ou mais, profissionais de saúde e indígenas serão os primeiros a receber as doses. Esse grupo tem 14 milhões de pessoas.
Para as quatro primeiras fases da campanha de vacinação, originalmente previstas para o período que iria até dezembro, o ministério estima imunizar cerca de 51 milhões de brasileiros. Não há definição ainda de como será a vacinação do restante da população.
A informação sobre a compra das vacinas da Pfizer foi dada pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em uma reunião com os governadores ontem. Segundo fontes que acompanham o encontro virtual, ele repetiu que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem acordos para receber 300 milhões de doses em 2021, sendo 260 milhões de Oxford/AstraZeneca e mais cerca de 40 milhões obtidas por meio do consórcio Covax Facility. As vacinas devem ser aplicadas em duas doses.
Na reunião, Pazuello disse que foi feito um memorando de entendimento com o Butantã, responsável pela vacina Coronavac, e com a Pfizer. Segundo ele, a compra dessas vacinas ainda depende do registro dos produtos na Anvisa.
O ministro disse acreditar que o registro definitivo da vacina da AstraZeneca deve ser concedido no fim de fevereiro pela Anvisa. Para isso, ele estimou que a farmacêutica entregará estudos de "fase 3" no fim de dezembro e a Anvisa levará até 60 dias para a sua análise. Pesquisadores responsáveis pelo estudo dessa vacina já reconheceram erros nos testes iniciais e a necessidade de ampliar ensaios clínicos para medir a eficácia, o que pode atrasar o registro.
Na segunda-feira, o governador de São Paulo, João Doria, havia anunciado que começaria a vacinar a população do Estado em 25 de janeiro. O cronograma foi apresentado mesmo antes de os estudos finais sobre a Coronavac terem sido apresentados, etapa fundamental para o imunizante seja autorizado no País. Essa vacina é desenvolvida pelo Instituto Butantã em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.
Fonte: Estadão Conteúdo